quinta-feira, 6 de agosto de 2009
CATIVAR...
Quem és tu?... Perguntou o principezinho ... Tu és bem bonita ...
Sou uma raposa ... ela respondeu ...
Príncipe: vem brincar comigo ... estou triste.
Raposa: eu não posso brincar contigo! Não me cativaram ainda.
Príncipe: ah! desculpe-me...o que quer dizer "cativar"?
Raposa: tu não és daqui ... que procuras?
Príncipe: procuro amigos ... que quer dizer "cativar"?
Raposa: é uma coisa muito esquecida ... significa criar laços.
Príncipe: criar laços ?
Raposa: Exatamente! Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos! E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma simples e mortal raposa igual a cem mil outras raposas.
Ah!!!Mas se tu me cativas...
nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo, e eu serei para ti a única no mundo...
E a raposa continuou... Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco.
Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol... Conhecerei seus passos, um barulho que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca...
Será como música aos meus ouvidos... E, depois, olhai! Ves lá longe os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma... e isso é triste!
Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então, será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti... E eu amarei o som do vento que passa no trigueiral...
Por Favor, Cativa-me!!!
Bem quisera . . . disse o principezinho . . . mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas outras coisas para conhecer.
A gente só conhece bem as coisas que cativa . . . disse a raposa... Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não tem mais amigos.
Se tu queres um amigo ... anda ... vamos lá ...
cative-me !!!
Que é preciso fazer? ... perguntou o principezinho ...
É preciso ser paciente.... respondeu a raposa...
Tu te sentarás primeiro, um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto dos olhos e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas a cada dia, tu te sentarás cada vez mais perto.. e...
No dia seguinte o principezinho voltou.
Teria sido melhor voltares a mesma hora ... disse a raposa... Se tu vens, por exemplo, as quatro horas da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. As quatro horas então... estarei inquieta e agitada. Descobrirei o preço da felicidade.
Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...
- quis!!! ... disse a raposa...
Príncipe: - mas tu vais chorar ?
- vou. ...disse a raposa...
- então não sairás lucrando. ... disse o principezinho...
Moral da história:
AMIZADES
são feitas de pedacinhos.
Pedacinhos de tempo que vivemos com cada pessoa.
Não importa a quantidade de tempo que passamos, mas a qualidade do tempo que vivemos com cada uma.
Cinco minutos podem ter uma importância muito maior do que um dia inteiro.
Assim, há amizades que são feitas de risos e dores compartilhados; outras de escola; outras de saídas, cinemas, conversas, diversões; há ainda aquelas que nascem e a gente nem sabe de quê, mas que estão presentes.
Talvez essas sejam feitas de silêncios compreendidos, ou de simpatia mútua sem explicação.
Aprendemos a amar as pessoas sem julgá-las pela sua aparência ou modo de ser, sem que possamos (e fazemos isso inconscientemente, às vezes) etiquetá-las.
Há amizades profundas criadas assim.
Saint-Exupéry disse
"Foi o tempo que perdestes com tua rosa que fez tua rosa tão importante".
E eu digo que é o tempo que ganhamos com cada amigo que faz cada pessoa tão importante. Porque tempo gasto com amigos é tempo ganho, aproveitado, vivido.
São lembranças para cinco minutos depois ou anos até.
Uma pessoa se torna importante pra nós, e nós para ela, quando somos capazes, mesmo na sua ausência, de rir ou chorar, de sentir saudade e nesse instante trazer o outro bem pertinho da gente.
Dessa forma, podemos ter vários melhores amigos, um diferente do outro.
O importante é saber aproveitar o máximo cada minuto vivido e ter, depois, no baú das lembranças, horas para recordar, mesmo quando estas pessoas estiverem longe dos nossos olhos.
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