quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Como encontrar a felicidade



Depois de duas semanas de torradas sem manteiga e corridas nas manhãs geladas ao redor do parque, uma amiga minha voltou a se pesar e o ponteiro da balança parou no mesmo lugar que estava marcando antes.

Isto lhe pareceu típico de como tudo vinha lhe saído mal ultimamente.

Estava mesmo destinada a nunca ser feliz.

ao vestir-se, fazendo caretas para entrar no jeans apertado descobriu 20 dólares no bolso.

Depois, a irmã telefonou-lhe contando uma história divertida.

Quando saiu apressada por Ter ainda que pôr gasolina descobriu que sua companheira de quarto já enchera o tanque. e essa era a pessoa que havia pensado que nunca seria feliz!

De uma maneira ou de outra, todos os dias chegam até nós conselhos mais ou menos simplistas sobre a felicidade, cuja técnica reside na necessidade de fazermos algo para sermos felizes

- seja escolher as opções corretas ou contar com o que é certo para nós mesmos.

A juntar a isto há ainda a noção de que a felicidade é um estado permanente.

A menor quebra na alegria sugere problemas.

Acontece é que a maior parte das pessoas não vive num estado permanente de felicidade, mas em algo mais vulgar, uma mistura daquilo que o ensaísta Hugh Prather chamou de "problemas por resolver, vitórias incertas, com alguns momentos de paz verdadeira".

talvez o dia de ontem não tenha sido feliz depois daquele desentendimento com o patrão.

Mas houve ou não momentos de felicidade, de Paz absoluta?

Se você pensar bem, não se lembra de Ter recebido uma carta de um velho amigo, ou de terem lhe perguntado onde fez um corte de cabelo tão bom?

Embora o dia tenha tido bons momentos, você só se lembra do que ele teve de ruim.

A felicidade é como aquela visita, genial e exótica, que surge quando menos se espera, encomenda uma rodada de bebidas extravagantes e desaparece em seguida, deixando atrás de si um rastro de perfume de gardênia.

Ela nem sempre aparece quando se convoca, e só se pode apreciá-la quando se digna aparecer.

A felicidade não se força, mas pode-se viver em pleno quando ela surge.

Ao regressar a casa absorvido com seus problemas, tente reparar no crepúsculo que incendeia as vidraças da cidade.

Escute os gritinhos das crianças que brincam ao entardecer e sentir-se-á revigorado, só por Ter ouvido com atenção.

A felicidade é uma atitude.

É limpar as persianas ao som de uma canção; passar uma hora agradável arrumando o armário.

A felicidade é a família reunida para o jantar.

É o presente, não a promessa distante de "um dia, quando..." como somos mais afortunados e como nos sentirmos mais felizes se nos apaixonarmos pela vida que temos!

A felicidade é uma opção. Agarre-a quando ela surge, como um balão fugindo em direção ao mar azul brilhante.

Adair Lara

Fonte: Revista Seleções Nov. 1993

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