sexta-feira, 1 de abril de 2011
"O Melhor"
Estamos obcecados com "o melhor".
Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor".
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça - e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos.
Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.
Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência?
Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?
E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?
O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"?
Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?
O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado
ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos.
A casa que é pequena, mas nos acolhe.
O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria..
A TV que está velha, mas nunca deu defeito.
As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo...
O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.
O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?
Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu?
Leila Ferreira é uma jornalista mineira com mestrado em Letras e doutora
em Comunicação, em Londres, que optou por viver uma vidinha simples, em Belo Horizonte...
(Leila Ferreira)
Obs.- Obrigado, Van, você sempre me "acorda".
Vida...e Morte
Como posso comparar minha vida com outra? As minhas particularidades, minha infância,meus erros ou acertos, minhas tentativas, meus medos e tudo o mais que cabe a um ser humano, em mim é tão igual, ou muito, mas muito mais diferente do que todos imaginam.
Um dia pensei na morte- daí acho que a maioria de nós um dia chegou a pensar. Mas querer morrer, se entregar, deixar a vida? Bem, isso mais do que imaginamos, pensamos sobre, mas poucos têm a “coragem” de fazer. Se é que chamam de covardia um suicídio. Ao mesmo tempo tem que se ter muita coragem para fazer mal a si mesmo.
Foi por abandono, solidão, foi por falta de “status”, foi vergonha de ficar mais pobre, foi saudade de um pseudo amor? Quem pode responder? Ninguém. Só os que já foram e cometeram tal insanidade poderiam dizer com toda a propriedade. No mais, cabe aos que ficam, o “julgamento” pós-acontecimento. Será que uma dessas pessoas que se acham no direito de julgar ou mau dizer sobre quem se foi, não pensam que teria mais importância se não tivesse dito: “ que era besteira, que era frescura, que logo passaria a depressão, daquela pessoa que sinalizava com todas as suas alternativas a um pedido de socorro?”
Mas o egoísmo do ser humano é preponderante. Jamais será superado. E logo, logo, aquela pessoa que morreu, se foi, se esqueceu, escafedeu-se, ela que perdeu, ela que se foi, quem se fudeu (esse é o termo).
E ainda dizem mais:quem mandou ser covarde? Só por isso...ou por aquilo. Ah, como era fraca a pessoa. Nós que ficamos que somos fortes, superiores, felizes no imediato esquecimento. Quem mesmo que morreu?
Não, não fui eu. E opiniões à parte, acho uma grande besteira, essa de dizer que a pessoa foi fraca, foi tola, perdeu por não ter pedido auxílio(será que você que não ouviu ?), perdido a vida, perdido a sorte, perdido a oportunidade –que não se apresentava mais por muito tempo, perder a sua parte, e encontrado a morte. Ora, vamos continuar, a vida é bela ( ao menos a minha e sem os problemas dos outros, é sim –pensa a maioria). O resto, é coisa dos fracos, das pessoas sem noção , da minoria, dos vidas vazias.
Assistimos hoje na TV – hoje não, teve o caso do noivo da linda e famosa Ana Paula Arósio, e faz tempo, vemos casos de pessoas que “voam”de um sétimo andar e caem a sete palmos do chão.
- Drogas, vida fácil, doente, depressivo, doido, nada a ver, ah, vou mudar o canal, já soube desse caso mil vezes.
Pouco mais de um mês depois, a noiva de um suicida – uma atriz conceituada, com sua vida aparentemente equilibrada, escritora, resolve postar na Net que não suporta a dor em seus braços, e resolve tomar o mesmo caminho, “voar rumo ao vale dos suicidas”(segundo o espiritismo é o termo que usam para quem se vai assim).
Coincidentemente moro no sétimo andar. Mas nem por isso me deu vontade de compartilhar essa experiência sem volta.Pensar, pensei sim. E olha que o momento não está fácil, que a idade já exige uma certa estabilidade e todos que podem me lembram e me cobram isso, que já sou pai duas vezes e agora avô.
Mas ligo a TV e, vejo ainda os resultados de um tsunami arrasador de outros seres humanos do outro lado do mundo, e isso não me comove, me perdoem, lamento, mas sinto mais a morte de quem estava mais perto. E repenso o que ouvi um dia: quando uma pessoa ou duas próximas morrem, é uma tragédia, algo insuportável , dor intransferível, como as irmãs do sul do pais que foram mortas covardemente também recentemente; mas quando morrem mais de mil, 10 mil pessoas num desastre, passa a ser mais uma estatística. Como somos frios e calculistas.
Tentar se matar? Alguns até fingem que vão, ameaçam, ou mesmo tentam falsamente, só para ter mais atenção, outros cometem algum erro na “falsa tentativa”, e realmente se vão.
Cada qual com seu fantasma, com suas mentiras que nem os travesseiros podem saber, cada qual levando sua vida e sem querer ouvir da dor dos amigos próximos, dos parentes, cada qual com seu egoísmo. Salvo alguns poucos , parentes, amigos ou apenas conhecidos.
Aonde quero chegar escrevendo tudo isso? Lugar nenhum. Lá vou eu, mais uma vez, sem pretenção, sem intenção, sem pedir nada, apenas registrando alguns pensamentos soltos, porque a mente e o coração da gente, continuarão a ser um mistério. Pra sempre. Seguir em frente. Não, não vou desistir.Sou teimoso, talvez isso, além da fé em Deus, que me segure, que me salve e que faça com que eu confie e acredite que tudo de ruim e chato passa, vai passar, já está passando...
F.L.
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