O que é bom, dura para sempre. Vou transcrever aqui uma carta que até hoje ainda me emociona.Eu recebi da mulher que eu amava na época.
A distância e outras circunstâncias da vida nos separou. Mas nós nunca brigamos, nunca discutimos. Sempre tivemos um bem querer com respeito, dedicação, compreensão e amor. A carta foi manuscrita por ela – minha Noiva naquele tempo, e foi talvez (dentre várias outras cartas dela para mim), uma das mais belas declarações de amor que já recebi de uma mulher em toda a minha vida!
Até hoje, mesmo sem termos mais contato, ainda sinto um carinho sem igual por ela. E onde ela estiver agora, sei que de alguma forma vai sentir que estou dividindo com muitas pessoas um sentimento verdadeiro, intenso, lindo e o qual desejo para todos, o amor que tivemos um pelo outro um dia. Pois não há nada melhor nessa vida. A seguir, a carta:
"Flavinho,
Ponha um fundo musical bem legal, aquele que você mais curte, e leia esta cartinha, ok? Olha, pode ser a música do filme “Titanic”, porque tem muito a ver conosco.
Quinta-feira, quando te liguei, tive a impressão que você estava imerso em outro mundo. Aquele mundo dos remédios, onde você, assim como eu, tantas vezes buscamos um refúgio. Aquele que faz com que a gente “viaje”na busca de si mesmo, buscando a paz que nos roubaram.
Amorzinho, quero ser teu antidepressivo, teu ansiolítico, etc...ser todos os seus remédios juntos, para poder aliviar todas as tuas angústias e sofrimentos.
Foi você surgir inesperadamente na minha vida e pronto, adeus fluoxetina! Adeus todos os remédios! É, só um grande amor liberta. Imagine você que meu terapeuta me fez apenas duas perguntas e bastou para que seu esforço tivesse que ser redobrado na leitura da minha alma. Observou-me tão sério e pensativamente, que acabamos a consulta assim: sem lenço, sem documento. Hoje liguei para ele e ele me disse: - Lisandra, venha sem falta, com ou sem exames. Agora o problema é dele, quem mandou querer decifrar a minha alma? Talvez tema por mim, mas o que fazer? Sou uma ave única, rara e selvagem. Igual a este pássaro da foto que vi em Fernando de Noronha. Como ele, me lanço na amplidão do céu azul, acima do mar, das rochas e das montanhas. Algumas vezes esquecida de mim, em busca da minha própria felicidade.
Oh, alma inquieta! Apaixonada, sofro calada. Em termos de amor sou assim...Oh, meu Deus! Onde é que eu vou parar? Talvez nos teus braços, talvez nos teus beijos. De norte a sul do país extravasei esse amor.
“Loucura, loucura Lisandra!”. É o que todos dizem. Todos, desde que saí de Natal. Mas, diga-me amor, existe loucura mais gloriosa e sublime do que amar? Que se danem todos os que não entendem o amor. São todos medrosos, assustados, “metade apaixonados”, não inteiramente. Se for loucura amar, que seja a mais abençoada das loucuras. Eu me lanço nessa loucura como se lança o pássaro sem se importar mais com o que ficou para trás.
E se algum dia, alguém, por um motivo qualquer, interromper este pássaro em pleno vôo, saiba que valeu, pois eu terei amado de tal forma que ‘acordes’da minha alma tenham tocado a mais linda das sinfonias. Aquela que nenhum ser humano seja capaz de perceber ou assimilar, a não ser você. Amo você, do jeitinho que você é, terno, cuidadoso, carinhoso e amoroso comigo.
Um beijo, outro beijo, milhões de beijinhos!
(Tua Noivinha) Lisandra Corrêa. I Love You so Much."
Novo Hamburgo/ Rio Grande do Sul, 30 de março de 1998.
