sexta-feira, 15 de julho de 2011

Salvar a Vida



Salvar a vida
O trem estava por partir. Deixaria aquele lugar sórdido, levando os judeus jovens e sadios para a liberdade.

A notícia era a de preservação dos mais fortes, e naquele trem não havia lugar para velhos.

As portas seguiriam abertas, pois não sobrava espaço para fechá-las. Estava abarrotado de judeus.

Um ancião polonês, de cabelos alvos, segurou com as mãos encarquilhadas o paletó do jovem que estava por partir e suplicou-lhe com veemência, que desse a sua pela vida dele.

Estava velho e doente e desejava rever os familiares que deixara na distante Polônia. Seria sua última chance, implorou ao rapaz.

O velho apelou para o coração do jovem que lhe permitisse embarcar no seu lugar, em nome do Cristo.

O rapaz não era cristão, e pouco ouvira falar do Homem de Nazaré. Apenas uma frase atribuída a Ele pairava em sua memória: Aquele que quiser ganhar a vida, perdê-la-á, e aquele que a perder por amor de Mim, ganhá-la-a.

Olhou longamente para aquele velho desesperado e, embora a promessa de liberdade próxima o tentasse, resolveu descer e ceder seu lugar ao ancião.

O trem partiu e ele pôde contemplar pela janela o aceno de agradecimento daquele a quem salvara a vida com a sua própria, pensava.

Deteve-se ali por alguns instantes, como adorno vivo de uma paisagem de horror e desolação, observando o trem que se afastava lentamente.

Após alguns dias chegou a notícia do engodo. O trem que partira em direção à liberdade, aportara no Campo de Concentração de Auschwitz, na Áustria, e todos os passageiros pereceram sob os chuveiros de gás letal.

Os meses rolaram e levaram com eles o horror da guerra. O jovem sobreviveu para escrever sua história e conhecer melhor Aquele Homem que um dia dissera que aquele que quisesse ganhar a vida perdê-la-ía, e aquele que a perdesse por amor a Ele, ganhá-la-ía.

A Borboleta azul


Havia um viúvo que morava com suas duas filhas curiosas e inteligentes.

As meninas sempre faziam muitas perguntas.

Algumas ele sabia responder, outras não.

Como pretendia oferecer a elas a melhor educação,

mandou as meninas passarem férias com um sábio

que morava no alto de uma colina.

O sábio sempre respondia todas as perguntas sem hesitar.

Impacientes com o sábio, as meninas resolveram inventar uma pergunta

que ele não saberia responder.

Então, uma delas apareceu com uma borboleta azul

que usaria pra pegar uma peça no sábio.

- O que você vai fazer? - perguntou a irmã

- Vou esconder a borboleta em minhas mãos e perguntar

se ela está viva ou morta.

Se ele disser que está morta, vou abrir minhas mãos e deixá-la voar.

Se ele disser que ela está viva, vou apertá-la e esmagá-la.

E assim qualquer resposta que o sábio nos der está errada!

As duas meninas foram, então, ao encontro do sábio, que estava meditando.

- Tenho aqui uma borboleta azul.

Diga-me sábio, ela está viva ou morta?

Calmamente o sábio sorriu e respondeu:

- Depende de você. Ela está em suas mãos.

Assim é a nossa vida, o nosso presente e o nosso futuro.

Não devemos culpar ninguém quando algo dá errado.

Somos nós os responsáveis por aquilo que conquistamos (ou não).

Nossa vida está em nossas mãos, assim como a borboleta azul.

Cabe a nós escolher o que fazer com ela.