Todos os dias morremos um pouco e isso não depende de nós. Porém, depende de nós, o exercício de buscarmos nascermos de novo diariamente.
Movemo-nos continuamente, com gana sobrenatural, para sairmos do lugar onde estamos, enquanto, naturalmente, esquecemo-nos de que ao nascermos, já tínhamos todos os lugares dentro de nós.
Buscamos expressar quem somos nas artes, nas letras e nos sons. No entanto, qualquer que seja a marca que estejamos deixando, nenhuma delas define quem somos, seja para nós mesmos ou para o resto do mundo.
Muitos ainda perseguem a juventude e a imortalidade debaixo desse sol, todavia, o mais provável dos resultados para esse fim, ainda não nos isenta de estarmos passando, exatamente como as nuvens ou a relva.
Apesar dessas constatações, feitas à sombra de verdades eternas, sossego com os olhos fitos no horizonte. De lá, o Verbo que se move antecipa em assovios que há de existir um eu melhor, e não só aqui. Coisas que ainda saberei quando o tempo abrir o portão para o segredo que é maior do que ele.
"SENHOR, MEU DEUS, não tenho idéia para onde estou indo. Não vejo o caminho adiante de mim. Não posso saber com certeza onde terminará. Nem sequer, em verdade, me conheço. E o fato de eu pensar que estou seguindo tua vontade, não significa que realmente o esteja. Mas acredito que o desejo de te agradar te agrada, de fato. E espero ter esse desejo em tudo que estiver fazendo. Espero jamais vir a fazer alguma coisa distante desse desejo. E sei que, se agir assim, tu hás de me levar pelo caminho certo, embora eu possa nada saber sobre o mesmo. Portanto, hei de confiar sempre em ti, ainda que eu possa parecer estar perdido e sob a sombra da morte. Não hei de temer, pois tu sempre estás comigo, e nunca hás de deixar que eu enfrente meus perigos sozinho. "
Thomas Merton, em Na liberdade da solidão.
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