quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Eu estou certo
Por que queremos sempre ser os donos da verdade?
Por que nossas ideias precisam sempre prevalecer?
Será que precisamos vencer todas as discussões que travamos?
Dale Carnegie, escritor e orador americano, autor do best seller: Como
fazer amigos e influenciar pessoas, narra uma experiência particular
muito rica. Conta ele: Certa noite, estava num banquete dado em honra a um homem muito importante.
Durante esse banquete, um outro homem que estava sentado ao meu lado
contou um caso que girava em torno da seguinte afirmativa: "Há uma
Divindade que protege nossos objetivos, traçando-os como os
desejamos."
Ele mencionou que tal frase era da Bíblia.
Enganara-se. Eu sabia disso. Sabia, e com toda a certeza. Não podia
haver a menor dúvida a respeito.
E assim, para conseguir um ar de importância e demonstrar minha
superioridade, tornei-me um importuno e intrometido encarregando-me de
corrigi-lo.
Acionou suas baterias. "Quê? De Shakespeare? Impossível! Absurdo! Essa
frase era da Bíblia." E ele conhecia.
O homem que narrava o caso estava sentado á minha direita, e o senhor
Frank Gammond, meu velho amigo, à minha esquerda.
O Sr. Gammond havia dedicado anos ao estudo de Shakespeare. Assim, o
narrador e eu concordamos em submeter a questão ao Sr. Gammond.
Este escutou, cutucou-me por baixo da mesa e disse: "Dale, você está
errado. O cavalheiro tem razão, a frase é da Bíblia."
De volta para casa, disse ao Sr. Gammond: "Frank, eu sei que a frase é
de Shakespeare."
"Sim, naturalmente", respondeu. "Hamlet, ato V, cena 2. Mas nós éramos
convidados numa ocasião festiva, meu caro Dale.
Por que provar a um homem que ele estava errado? Isso iria fazer com
que ele gostasse de você? Por que não evitar que ele ficasse
envergonhado?
Não pediu sua opinião. Não a queria. Por que discutir com ele? Evite
sempre um ângulo agudo."
O homem que me disse isso ensinou-me uma lição inesquecível. Eu não só
tinha embaraçado aquele contador de estórias, como também o meu
amigo.
Teria sido muito melhor se eu não tivesse sido argumentativo.
A necessidade de sermos aceitos num grupo, de mostrar o que sabemos,
muitas vezes nos coloca em situações desagradáveis.
Somos descorteses e inconvenientes, querendo provar um ponto de vista
com veemência, apenas para que todos percebam como eu estava certo.
Será que o mais importante nessas conversas é estar certo ou ser
polido, fraterno com a outra pessoa?
Por que nossas ideias precisam sempre prevalecer?
Eis o orgulho disfarçado de sapiência, de eloquência, esquecendo que o
amor nos faz querer ajudar o outro, em toda oportunidade, e nunca
desmerecê-lo.
Pensemos sobre isso, e nas conversações lembremos de dar espaço ao
outro, de procurar exaltar as qualidades do próximo, sendo polidos e
amáveis em toda oportunidade.
A caridade tem mais nuances do que se pode imaginar.
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