segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

crescer



Ouvi uma antiga parábola. Deve ser muito velha mesmo, pois naquela época Deus costumava morar na Terra:
Um dia, um velho fazendeiro veio a Deus e disse-lhe:
- Olha, você pode ter criado o mundo, mas preciso lhe dizer uma coisa. Você não é fazendeiro. Não sabe nem o bê-á-bá da agricultura. Você tem muito o que aprender.

Ao que Deus respondeu:
- O que você sugere?
- Dê-me um ano e permita que as coisas sejam de acordo com a minha vontade. E veja o que acontecerá: não haverá mais pobreza!
Deus concordou e um ano foi dado ao fazendeiro.

Naturalmente, ele pedia e pensava somente no melhor. Nada de trovões, de ventos fortes, nenhum perigo para a safra. Tudo confortável, aconchegante. O fazendeiro estava muito feliz.
O trigo crescia tanto! Quando queria sol, havia sol. Quando queria chuva, havia chuva, o tanto que quisesse. Nesse ano, tudo estava certo. Matematicamente preciso.

O trigo estava crescendo muito.
O fazendeiro procurava Deus e dizia:
- Olhe! Desta vez a safra será tão grande que, por 10 anos, mesmo que as pessoas não trabalhem, haverá comida suficiente!

Mas quando fizeram a colheita, não havia grãos.
O fazendeiro ficou surpreso e perguntou a Deus:
- o que aconteceu! O que saiu errado?

E Deus respondeu-lhe:
- Por não existir desafio, conflito, fricção, já que você evitou tudo de ruim, o trigo permaneceu impotente. Uma pequena fricção é uma necessidade. As tempestades, os trovões e os raios são necessários. Eles agitam a alma dentro do trigo.

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